sábado, 6 de agosto de 2011

Sugestões Fotográficas (Parte 2): Controle de Espaço

Como vimos, a fotografia envolve a questão do controle do tempo. No entanto, outro procedimento importante é a delimitação de espaço realizada pelo fotógrafo. É preciso lembrar que o resultado final da imagem fotográfica é retangular. O que incluímos ou excluímos no interior do retângulo é significativo, na medida em que, geralmente, enquadramos aquilo que atribuímos importância e excluímos o que não interessa (embora, como aponta o historiador francês Phillipe Dubois em “O Ato Fotográfico”, a exclusão também possa ter significado, ressaltando um erotismo – não apenas em sentido sexual – da fotografia). De qualquer forma, incluir ou excluir do enquadramento implica em atribuição de significado. Você pode ressaltar uma paisagem considerada bela não enquadrando, por exemplo, o detalhe de um lago poluído ou de árvores desmatadas. Ou vice-versa, dependendo da intenção do fotógrafo. Portanto, o que vale é sempre sua intenção. Um equívoco comum em fotografia é produzir uma imagem considerando-a um grande sucesso e, ao vê-la no computador ou no papel fotográfico (na era da fotografia analógica, isto é, que utiliza filmes), verificar que, ao lado de seu lindo cachorrinho, apareceu um montinho desagradável de fezes que você nunca percebeu no momento de produção. Nas imagens abaixo, nota-se um equívoco e como ele poderia ser corrigido por meio e um procedimento simples. Na imagem 1, somente para citar a típica (mas linda) cena de um pôr-do-sol, percebe-se que, na parte inferior, apareceram detalhes da cidade que poluem a foto e desviam a atenção do crepúsculo (além disso, o horizonte está torto). Na imagem 2, a sugestão de corte eliminaria o problema.


                                          Imagem 1


                                          Imagem 2


Percebe-se que, para corrigir problemas de enquadramento, procedimentos simples podem ser adotados, como reenquadrar a cena movendo-se um pouco para a esquerda ou para a direita, abaixando-se ou subindo numa pedra (ou no carro... como já o relatou o fotógrafo norte-americano Ansel Adams). O ideal é estudar a cena e selecionar o que é tema principal e o que pode poluí-la ou desviar a atenção em relação ao que atribuímos significado. Criamos o conceito em nossa mente e, somente após isso, enquadramos e compomos a cena. O estudo da cena é importante, já que nosso olho é seletivo: nunca vemos a cena como um todo, já que o olho foca-se em determinado objeto, desfocando, consequentemente, os demais. Por isso não percebemos de súbito os problemas de determinada cena e, ao ver o resultado fotográfico, acabamos nos decepcionando. Por isso, estudar a cena um pouquinho nunca é demais e acaba dando resultados significativos. 

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