sábado, 30 de abril de 2011

Ele vive... ele vive!


Frankenstein: criado por mãos humanas (demasiado humanas), ele vive para aterrorizar os viventes...

Vocês conhecem algum Frankenstein?

domingo, 17 de abril de 2011

Sugestões Fotográficas (Parte 1): Controle de Tempo

Pensando com os meus botões num tedioso (e por isso saboroso) domingo, resolvi abrir uma série de posts enfocando sugestões fotográficas. Sugestões, não modelos ou receitas de bolo. Hoje em dia, há gente e revistas demais dizendo como fotografar corretamente, lembrando que composições "corretas" nada mais são que convenções de um espaço e tempo determinado. Mas isso por si merece um post à parte.

Segundo teóricos da fotografia como Phillipe Dubois, Arlindo Machado e Boris Kossoy, o "que" da fotografia em relação às outras formas de arte é justamente o controle de duas variáveis fundamentais: o tempo e o espaço. Cada uma vale um post. Comecemos pelo tempo: no instante em que o fotógrafo aperta o disparador da máquina e o mecanismo denominado obturador (que controla quanto tempo o filme/sensor receberá luminosidade) age, realiza-se uma operação de corte de um tempo contínuo. Nesse corte, o fotógrafo seleciona o que lhe interessa e aplica sentido a uma imagem.

Um dos mais célebres nomes da história da fotografia, o francês Henri Cartier-Bresson (1908 - 2004), era justamente um "mestre do instante". Segundo Bresson, toda cena teria um ápice (um clímax, como na novela das 8) que seria revelado num momento específico. Caberia ao fotógrafo, portanto, no contínuo do tempo que constitui a cena, apertar o disparador justamente no momento "correto" (isto é, naquele concebido pelo fotógrafo) para congelar o tempo. Isso não é (e não deve ser) puro ato de sorte, mas uma concepção do artista. Para isso, como o fazia Cartier-Bresson, era necessário antecipar e, antes da própria cena ocorrer, no dizer do fotógrafo norte-americano Ansel Adams (1902 - 1984), visualizá-la mentalmente.


Cartier-Bresson: o "mestre do instante".

Atualmente, com todas as facilidades que as câmeras digitais oferecem (sejam compactas ou profissionais), há uma opção cômoda e perigosa: tirar fotos contínuas num segundo, cujo número pode variar segundo o modelo e a marca. Com isso, no dizer de Adams, é arriscado transferirmos para o dedo o nosso cérebro, já que o instante "correto" não seria fruto do conceito, mas da sorte. É claro que todo bom fotógrafo seleciona imagens e há muitas fotografias ruins que são descartadas. Seleção é parte do ser fotógrafo. Mas a câmera não deve ser uma metralhadora (como o lembrou numa metáfora a ensaísta norte-americana Susan Sontag), e sim um instrumento plástico que atende à concepção do fotógrafo.

Pintura (2011)



Autor: Richard Gonçalves André

De fato, como chama a atenção Arlindo Machado em seu livro "A Ilusão Especular", a fotografia tem algo de casual. O instante surge num momento às vezes imprevisível para o fotógrafo. Entretanto, isso não quer dizer que, nesse átimo de casualidade, ele não articule o conceito e a composição da fotografia para "captar" o instante. Embora condicionada pelo acaso caótico, o fotógrafo constrói sentido ordenado na imagem. Na fotografia acima, aguardando a chegada do elevador, olhei para trás e deparei com a cena que, para mim, pareceu algo como uma moldura. O pássaro dentro de uma moldura, a janela, dentro de outra moldura, o enquadramento fotográfico. O acaso deu margem para a interpretação, a interpretação deu margem para o conceito e o conceito deu margem para o enquadramento. Fotografar, de certa forma, é ser senhor do instante e, diria Roland Barthes ("A Câmara Clara"), vencer a morte. 

domingo, 10 de abril de 2011

Máscaras (2011)


Autor: Richard Gonçalves André

A fotografia acima é um exemplo de erro de composição, ou pelo menos uma série de erros: a cena está poluída, na medida em que vários elementos interferem na cena, dificultando que o leitor identifique os elementos centrais. Talvez uma mudança de perspectiva permitisse uma melhor composição? Talvez. Mesmo assim, mal composta ou não, a foto tem um conceito: o contraste social.

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Reticências... é bom fazer o leitor da imagem pensar.

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De qualquer forma, minha intenção foi ressaltar o contraste da noiva recebendo com todo o glamour os cumprimentos pelo matrimônio e o vendedor ambulante recebendo os trocadinhos. Mas nada como a semiose, não? Minha amiga Ana Cristina interpretou essa imagem como uma alegoria às máscaras, sejam "reais" (que são vendidas pelo ambulante), sejam sociais, representadas pelo papel desempenhado pelos indivíduos imersos nos ritos sociais. Essa leitura foi a redenção de uma foto mal composta, que deixei de lado durante vários meses por considerar um mau exemplo fotográfico. Enfim, e concluindo, quero crer que mais vale uma má composição com um bom conceito que uma ótima composição com um mau (ou inexistente) conceito.