Autor: Richard Gonçalves André
De fato, como chama a atenção Arlindo Machado em seu livro "A Ilusão Especular", a fotografia tem algo de casual. O instante surge num momento às vezes imprevisível para o fotógrafo. Entretanto, isso não quer dizer que, nesse átimo de casualidade, ele não articule o conceito e a composição da fotografia para "captar" o instante. Embora condicionada pelo acaso caótico, o fotógrafo constrói sentido ordenado na imagem. Na fotografia acima, aguardando a chegada do elevador, olhei para trás e deparei com a cena que, para mim, pareceu algo como uma moldura. O pássaro dentro de uma moldura, a janela, dentro de outra moldura, o enquadramento fotográfico. O acaso deu margem para a interpretação, a interpretação deu margem para o conceito e o conceito deu margem para o enquadramento. Fotografar, de certa forma, é ser senhor do instante e, diria Roland Barthes ("A Câmara Clara"), vencer a morte.
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